A partir de determinado estágio da gestação, o feto começa a perceber o ambiente ao redor de forma progressiva. De acordo a Dra. Thaline Neves, esse processo inclui a capacidade de escutar sons e reagir a estímulos auditivos vindos do exterior. Assim sendo, a música e a voz dos pais, especialmente da mãe, representam estímulos relevantes que ajudam a moldar o comportamento neurológico e emocional do bebê antes mesmo do nascimento. Interessado em saber como? Continue a leitura e veja como esses estímulos auditivos influenciam o desenvolvimento fetal e quais práticas são recomendadas durante a gestação.
Como o sistema auditivo do feto se desenvolve?
O sistema auditivo do feto começa a se formar por volta da 16ª semana de gestação, mas só atinge maior sensibilidade por volta da 26ª semana. Isto posto, é a partir desse momento que o bebê começa a reagir a sons com movimentos, alterações no ritmo cardíaco e expressões faciais.
Segundo Thaline Neves, os estímulos sonoros são captados principalmente por vibrações transmitidas pelo líquido amniótico. Essas reações indicam que o cérebro fetal já é capaz de processar determinados sons, principalmente os mais graves e rítmicos, como batidas do coração materno, voz e melodias suaves.

Assim sendo, estímulos positivos nessa fase contribuem para o amadurecimento dos centros cerebrais responsáveis pela audição, pela memória emocional e pela linguagem. Ademais, o reconhecimento de sons repetitivos, como a voz da mãe ou músicas específicas, pode gerar respostas emocionais após o nascimento, demonstrando que há retenção e associação auditiva mesmo antes do nascimento.
Quais tipos de sons o feto consegue ouvir com clareza?
Como destaca a Dra. Thaline Neves, o feto escuta principalmente sons internos do corpo da mãe, como os batimentos cardíacos, a respiração e os movimentos intestinais. Porém, com o avanço da gestação, também é possível captar ruídos externos, especialmente aqueles com frequência baixa e intensidade moderada.
A voz humana, por possuir características naturais de variação tonal e ritmo, é um dos estímulos mais reconhecíveis pelo bebê. Já a música, quando apresentada em volume adequado, também promove sensações que contribuem com a formação da sensibilidade auditiva e emocional.
Tendo isso em vista, é importante destacar que o volume dos sons deve ser controlado, conforme frisa a médica proprietária da Clínica View, Thaline Neves. Desse modo, estímulos muito altos ou repetitivos podem causar desconforto, ou mesmo estresse fetal, o que impacta negativamente o bem-estar intrauterino.
Benefícios da música e da voz dos pais no útero
Há cada vez mais consenso entre especialistas sobre os efeitos positivos que os sons familiares exercem durante a gravidez. Esse tipo de estímulo fortalece o vínculo entre o bebê e os pais, além de estimular circuitos cerebrais relacionados à cognição e à afetividade. Entre os principais benefícios, destacam-se:
- Fortalecimento do vínculo afetivo: o bebê reconhece a voz da mãe e, em muitos casos, também do pai, criando associações emocionais positivas.
- Estimulação neurológica: sons suaves estimulam áreas do cérebro associadas ao aprendizado e à memória.
- Redução do estresse: músicas calmas e interações vocais favorecem um ambiente uterino tranquilo, reduzindo reações hormonais de estresse.
- Preparo para a linguagem: a familiarização com o ritmo e os padrões da fala contribui para o desenvolvimento da linguagem nos primeiros anos de vida.
Todos esses benefícios estão relacionados à consistência e à qualidade das interações sonoras. É por isso que práticas como conversar com o bebê, ler histórias em voz alta ou ouvir música suave durante a gestação são recomendadas por diversos profissionais da área.
Quais cuidados tomar ao usar estímulos sonoros na gravidez?
Embora os efeitos positivos sejam notáveis, é fundamental adotar certos cuidados para garantir que os estímulos sejam benéficos. De acordo com Thaline Neves, o uso inadequado de sons pode provocar o efeito oposto ao desejado, causando agitação ou estresse fetal. Isto posto, veja algumas orientações importantes:
- Evite sons muito altos: o uso de fones de ouvido no abdômen ou música em alto volume deve ser evitado.
- Prefira músicas calmas e ritmadas: estilos suaves, como clássicos ou sons da natureza, são mais indicados.
- Crie momentos de interação sonora: escolher horários específicos do dia para falar ou cantar para o bebê ajuda a estabelecer rotina e segurança.
Assim, com atenção e equilíbrio, os estímulos sonoros tornam-se aliados valiosos no cuidado com o bebê ainda durante a vida intrauterina.
O poder dos sons começa no útero
Em conclusão, os sons têm impacto direto no desenvolvimento do feto e podem ser usados como ferramentas para promover vínculos afetivos, equilíbrio emocional e estímulo neurológico. Dessa maneira, a música e a voz dos pais são elementos preciosos nesse processo de construção do vínculo familiar, reforçando a importância de interações conscientes e carinhosas durante toda a gestação.
Autor: Rebecca Perry