Garantir o direito de ir e vir é um dos pilares da cidadania, mas nas cidades brasileiras esse direito ainda é negado a milhões de pessoas com deficiência. O cenário urbano, muitas vezes excludente, apresenta barreiras físicas, sensoriais e sociais que limitam o acesso pleno aos espaços públicos e aos meios de transporte. Segundo o empresário Aldo Vendramin, a mobilidade inclusiva deve ser tratada como uma diretriz central do planejamento urbano, e não como uma medida secundária. Quando uma cidade é pensada para todos, ela se torna mais funcional, segura e humana.
A promoção da acessibilidade exige mais do que rampas e elevadores. Ela envolve uma mudança de cultura, em que os gestores públicos, a iniciativa privada e a sociedade civil assumam a responsabilidade coletiva de tornar os espaços urbanos verdadeiramente inclusivos.
Mobilidade inclusiva como pilar das cidades acessíveis
Mobilidade inclusiva é a capacidade de oferecer meios de deslocamento seguros, confortáveis e autônomos para todas as pessoas, independentemente de suas limitações físicas, visuais, auditivas ou cognitivas. Isso se traduz em calçadas niveladas, rampas com inclinação correta, sinalização tátil, semáforos sonoros, ônibus adaptados e estações acessíveis.

De acordo com Aldo Vendramin, negligenciar essas estruturas compromete não apenas o deslocamento individual, mas também o acesso à saúde, à educação, ao trabalho e ao lazer. Sem mobilidade, a inclusão social é inviável. Quando cidades investem em acessibilidade universal, não apenas as pessoas com deficiência são beneficiadas, mas também idosos, gestantes, crianças e qualquer cidadão com mobilidade reduzida temporária.
Planejamento urbano com foco na equidade de acesso
A criação de uma cidade acessível começa antes das obras: está no planejamento urbano. Projetos arquitetônicos e de infraestrutura precisam considerar o desenho universal desde o início, garantindo que todos possam utilizar os espaços da mesma forma, com segurança e conforto. Isso inclui a escolha de materiais, o posicionamento de rampas, a largura das calçadas e a eliminação de desníveis perigosos.
Conforme aponta Aldo Vendramin, adaptar espaços depois de construídos é mais caro e menos eficiente. O ideal é pensar em acessibilidade como critério obrigatório de qualquer obra urbana, pública ou privada. Além disso, é fundamental que pessoas com deficiência participem dos conselhos de mobilidade urbana e das audiências públicas, contribuindo com experiências práticas para o aprimoramento dos projetos.
Inovação tecnológica a serviço da inclusão
A tecnologia desempenha papel estratégico na promoção da mobilidade inclusiva. Aplicativos que informam sobre rotas acessíveis, plataformas digitais de transporte adaptado, sistemas de navegação para pessoas com deficiência visual e sensores de obstáculos já estão em uso em algumas cidades ao redor do mundo.
Segundo Aldo Vendramin, o uso dessas tecnologias precisa ser estimulado também nos centros urbanos brasileiros. Elas ampliam a autonomia, aumentam a segurança e oferecem soluções personalizadas para diferentes tipos de deficiência. Integrar a inovação ao transporte público e aos espaços urbanos é um passo importante para construir cidades inteligentes e realmente acessíveis.
Enfrentando desafios e promovendo transformações concretas
Apesar das leis que exigem acessibilidade, como a Lei Brasileira de Inclusão, ainda há um enorme déficit de cumprimento. Muitas calçadas continuam esburacadas ou ocupadas por obstáculos, os ônibus adaptados são escassos, e a sinalização ainda ignora as necessidades de pessoas com deficiência sensorial. Esses problemas refletem não apenas falta de recursos, mas também ausência de vontade política.
A transformação começa com a prioridade orçamentária e o compromisso institucional com a equidade. Parcerias entre setor público e privado, programas de capacitação técnica e campanhas de conscientização são medidas eficazes para promover mudanças duradouras. O exemplo de líderes como Aldo Vendramin mostra que incluir é uma escolha — e uma responsabilidade que pode mudar o presente e o futuro das cidades.
Autor: Rebecca Perry